TERRAS E LUGARES

Babilônia — Isaías 13

O nome "Babilônia" aparece 288 vezes no Antigo Testamento e 12 vezes no Novo Testamento e geralmente se refere à antiga cidade na região sul da Mesopotâmia, localizada nas proximidades do rio Eufrates, 90 km ao sul da moderna Bagdá. As primeiras ocorrências de Babilônia na Bíblia aparecem após a narrativa do dilúvio no contexto da Mesa das Nações (Gn 10:10) e, mais tarde, no relato da Torre de Babel (Gn 11:9).

Em Gênesis 11:9, o autor bíblico emprega uma etimologia popular pejorativa do termo Babilônia, associando-o à raiz hebraica balal, "confusão". Os estudiosos reconhecem que o nome original de Babilônia não é sumério nem acadiano, mas poderia ter sido derivado de uma etimologia acadiana popular, Babilim, "portão de deus", e seu cognato sumério "ka-dingirra". Desta forma, o plural acadiano forma babilani, "portão dos deuses", que resultou na palavra grega posterior babilon, da qual a palavra atual "Babilônia" foi obtida.

As primeiras escavações arqueológicas em Babilônia ocorreram de 1899 a 1917 sob a direção de Robert Koldewey. Mais tarde, no século 20, um grupo de arqueólogos alemães escavou o local até os níveis da cidade neobabilônica. Entre as descobertas mais impressionantes estão as duas enormes muralhas defensivas de tijolos da cidade antiga com seus 8 portões. Um deles, o Portão de Ishtar, havia sido decorado com leões e dragões. Uma rua processional que levava a ela servia de local para importantes celebrações de ano-novo. Além disso, o famoso complexo de Esagila e o Zigurate Etemenanki do deus Marduque - há muito associado à Torre de Babel de Gênesis 11 - estavam localizados no centro da cidade. Outras estruturas importantes encontradas em Babilônia incluem vários palácios reais, bem como um museu que exibe alguns dos despojos de guerra capturados pelo rei Nabucodonosor.

Como mencionado acima, os leitores da Bíblia consideraram o nome "Babilônia" como "confusão", um conceito que os escritores bíblicos usaram para caracterizar a cidade como um centro de adoração falsa. Eles consideravam Babilônia como o símbolo máximo da usurpação divina e da hostilidade para com Jerusalém, a cidade santa onde se localizava a verdadeira morada de Deus. O texto bíblico documenta extensivamente os contatos de Babilônia com a nação de Israel. O Antigo Testamento menciona vários monarcas babilônios e líderes militares, como Merodaque-Baladã (2Rs 20:12; Is 39:1), Nabucodonosor (2Rs 24:10, 11; Jr 27:6), Evil-Merodaque (2Rs 25:27; Jr 52:31), Nebuzaradã (Jr 39:11, 13), entre outros.

Por causa da desobediência de Israel, Deus predisse por intermédio dos Seus profetas o exílio, a sua duração, bem como o fim do exílio em Babilônia. O exílio foi um ponto de virada na história de Israel e no relacionamento com Babilônia (Jr 25). No livro de Daniel, o profeta descreve como Deus entregou os israelitas e o seu rei nas mãos de Nabucodonosor (Dn 1:1, 2). Daniel 1 a 5 aborda a relação antagônica entre Babilônia (Babel) e o povo de Deus que começou em Gênesis (Gn 10:8-10; 11:1-9) e se estende até o último livro do Novo Testamento, Apocalipse. Significativamente, apenas o livro de Daniel documenta o fim do Império Neobabilônico (Dn 5). Ao mesmo tempo, o autor bíblico aponta para um futuro sistema político religioso que refletirá a imagem do antigo. Assim como a Escritura apresenta Babilônia como objeto do julgamento divino em Gênesis 11, o que levou à "confusão de línguas", da mesma forma em Daniel 5, o Império Babilônico termina como resultado da "confusão" de não ser capaz de interpretar "a escrita na parede" produzida por uma mão misteriosa. Essa escritura demonstrou, mais uma vez, a intervenção divina contra Belsazar e todos aqueles que ousaram se opor ao Deus de Israel.

O Antigo Testamento condenou para sempre as atrocidades, a idolatria, a usurpação divina e a opressão do povo de Deus em Babilônia. O Novo Testamento, especialmente o livro de Apocalipse, retoma toda a corrente idólatra e blasfema de Babilônia registrada no Antigo Testamento. Assim, João, o revelador, refere-se à Babilônia "espiritual" do fim dos tempos como "Babilônia, a grande, a mãe das prostituições e abominações da terra" (Ap 17:5), que simboliza o cristianismo apóstata em contraste com a mulher vestida de sol em Apocalipse 12, que simboliza o cristianismo puro. O julgamento final sobre o fim dos tempos da Babilônia representa tanto a condenação das forças mundanas que se opõem a Deus e Seu povo quanto a vindicação do caráter justo e verdadeiro de Deus.

Arnold, Who Were the Babylonians?

Dyck, “Babel or Babylon? A Lexical Grammatical Analysis of Genesis 10:10 and 11:9”, p. 237-242.

Gregório, “Its End Is Destruction: Babylon the Great in the Book of Revelation”, p. 137-53.

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Ringgren, "Babel", Theological Dictionary of the Old Testament, p. 466-467.