TERRAS E LUGARES
O Sinai tem dois significados na Bíblia, sendo o primeiro o nome de um deserto localizado na península que atualmente leva o mesmo nome (Êx 19:1, 2; Nm 1:1), e o segundo, o de uma montanha localizada naquela área (Êx 1:1; 19:11; Ne 9:13). De acordo com Josefo, nos arredores do Monte Sinai havia ricas pastagens no deserto e eram considerados um lugar onde a presença divina se manifestava (Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, 2.264; cf. Êx 3:1). O Monte Sinai também era conhecido como Horebe (Êx 3:1; Dt 1:6, 19; 4:15; Ml 4:4).
Naquele monte, Deus encontrou Israel, a quem Ele acabara de libertar da escravidão do Egito (Êx 19:1, 10-13, 18). Lá Israel recebeu as leis que o constituíram como um povo (Êx 19:6; 20:1-17), mas também foi no sopé dessa montanha sagrada que o povo adorou o bezerro de ouro e provocou a ira divina (Êx 32:1-29, 35). Os filhos de Israel permaneceram lá por mais de um ano antes de chegarem a Canaã (Nm 10:11- 13).
Não é fácil determinar com precisão onde ficava o Monte Sinai e deserto ao seu redor. Durante os séculos III e IV d.C. No século 2000 a.C, monges cristãos se estabeleceram em cavernas ao redor do tradicional Monte Sinai, Jebel Musa ("Monte Moisés"), que tem 2.000 metros de altura. Mais tarde, monges ortodoxos orientais estabeleceram o Mosteiro de Santa Catalina lá. Alguns sugerem que a localização do Monte Sinai é no norte da Arábia ou no sul do Jordão, com base na declaração do apóstolo Paulo em Gálatas 4:25, que indica claramente que o Sinai estava localizado na Arábia. Além disso, a primeira menção da montanha aparece em conexão com Moisés, que vivia em Midiã, na Arábia (Êx 3:1). Parece que Moisés pastoreou seus rebanhos bem perto do Sinai. É difícil encontrar pastagens adequadas perto do local atual de Santa Catalina.
Quando Paulo, que viveu no primeiro século sob o Império Romano, fala da Arábia, ele não está necessariamente se referindo à região da nação atual, um território que nunca havia sido incorporado ao Império Romano. Em seu tempo, e oficialmente desde 106 DC. Era precisamente a Península do Sinai que os romanos chamariam de província da Arábia. Portanto, não está claro o que Paulo quis dizer com Arábia, mas pode refletir uma área geográfica mais ampla, que inclui a região do Sinai.
A primeira informação sobre a localização do Sinai na Bíblia aparece logo após a partida de Israel do Egito. Números 33:3-15 menciona onze passos desde o êxodo do Egito até a chegada ao Sinai no terceiro mês (Êx 10:10; 19:1, 2). A passagem também nos diz que, depois de cruzar o Mar Vermelho, eles continuaram caminhando e o encontraram novamente, o que não teria sido possível se não tivessem cruzado o braço oriental do mar para a atual Arábia. Além disso, 1 Reis 19:3 e 8 não nos ajuda a encontrar a localização do Monte Sinai. O versículo 8 afirma que Elias caminhou "quarenta dias e quarenta noites" entre Berseba e Horebe, enquanto Deuteronômio 1:12 fala de 11 dias de caminhada entre o oásis de Cades-Barneia e o Monte Sinai, cerca de 300 quilômetros. São 100 quilômetros que separam esse oásis de Berseba, onde Elias começou sua jornada. Isso sugere que a distância total percorrida por Elias foi de 400 quilômetros, e 40 dias poderia ser um período razoável para completar a jornada, dada a sua condição debilitada.
Devido à instabilidade política em grande parte da região desde o século 19, não foi possível realizar escavações arqueológicas sistemáticas na Península do Sinai.