Visão de mundo

Sem dúvida você já ouviu o termo “cosmovisão” incontáveis vezes; mas o que isso realmente significa? “Cosmovisão” é uma junção da palavra grega cosmos (“mundo”, “universo”) e da palavra latina visão (“ponto de vista”), significando uma visão de mundo. Embora o conceito tenha se tornado popular em décadas recentes, o termo não é novo. No mundo do século 18, a palavra Weltanschauung, cunhada pelo filósofo Immanuel Kant, se tornou popular no idealismo alemão. Worldview, o equivalente em inglês, foi documentado, pela primeira vez, em 1858.

Uma cosmovisão é um sistema de ideias, a moldura sob a qual uma pessoa percebe o mundo, a conexão entre as peças do quebra-cabeças. Resumindo, é o modo particular como uma pessoa ou sociedade interpreta a realidade (ver Sire, 2009, p. 18-22).

Uma visão de mundo é formada pela soma de nossas crenças, valores, pressuposições, informação (conhecimento), argumentos (raciocínio), costumes e experiências, entre outras coisas. Seu escopo é amplo e afeta como vemos a cosmologia (explicação para a origem e natureza do Universo), a teologia (a existência e natureza de Deus), a antropologia (a identidade e valor dos seres humanos), a epistemologia (natureza e justificativa para o conhecimento/verdade), a axiologia (a identidade e natureza dos valores), a história (o padrão, importância e direção dos eventos históricos) e o destino (o que acontece com as pessoas depois da morte).

Uma visão de mundo bíblica é diferente, por exemplo, de uma cosmovisão naturalista. A visão de mundo naturalista inclui o ateísmo (crença de que não existe Deus), o cientificismo (ideia de que a ciência explica tudo), o materialismo (ideologia de que as coisas materiais são tudo o que existe e que nossa percepção delas é simplesmente um fenômeno material), o determinismo (lei de causa e efeito, sem intervenção divina) e o amoralismo (crença de que não existe propósito nem juízo). A visão de mundo bíblica defende o teísmo (Deus existe e é o centro de tudo), a revelação (além do livro da natureza, temos a Bíblia), a intervenção divina (Deus age na história) e a ética (Deus estabeleceu princípios morais para todos).

As palavras do apóstolo Paulo, em Atos 17:22 a 31, apresentam uma síntese clara da cosmovisão cristã. Paulo discute a origem e a natureza do Universo, a identidade e valor dos seres humanos, a natureza e a existência de Deus, a visão cristã da verdade e o destino do ser humano.

Precisamos ser cuidadosos com relação à influência da cosmovisão secular, pois o modo de pensar pós-moderno apresenta alguns desafios para os cristãos, como: compromisso com o relativismo, a oposição às metanarrativas (explicações abrangentes da realidade), a pluralidade de ideias e estilos, a erosão das barreiras cognitivas, políticas, religiosas e sexuais (gênero) e a fluidez e fragmentação da vida (chamada de “modernidade líquida” pelo sociólogo polonês Zygmunt Bauman).

Embora as várias cosmovisões seculares tenham pontos válidos, elas também têm deficiências. Os cristãos, cientes desses defeitos, devem seguir a cosmovisão bíblica, segundo a qual Deus é o centro de tudo, sendo que o conhecimento vem de fora de nós, o fazer é inseparável do ser, a vida é uma totalidade e o “nós” é mais importante que o eu. Paulo disse que “O deus desta era cegou o entendimento dos descrentes” (2Co 4:4), mas você não precisa deixar que a cosmovisão secular cegue você.

Referência

Sire, James W. O universo ao lado: um catálogo básico sobre cosmovisão. 4. ed. São Paulo: Hagnos, 2009.